Muitos brasilienses aproveitam as férias escolares de julho para programar viagens em família. Mas é bom tomar cuidado, afinal, casa vazia se torna presa fácil para roubos e vandalismo.

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal contabiliza, em média, 35 roubos por mês em residências. Os números, segundo especialistas em segurança, intensificam- se no período da folga escolar.

O advogado Carlos Figueiredo, 25 anos, conta as inúmeras vezes que teve assaltada a casa no Lago Norte. Sempre que minha família voltava de viagem, era uma surpresa diferente. Ao todo, foram oito furtos.

"Foi uma cena horrível. Abri a porta e me deparei com marcas de barro na sala. Não sabia se ainda tinha alguém lá. Chamei imediatamente a polícia. Só aos poucos você percebe o que foi levado. Normalmente eram peças de roupas, tênis, DVDs", lamentou.

Segundo Figueiredo, a polícia nunca descobria os responsáveis pelos furtos que, na maioria das vezes, eram cometidos semanas antes da família voltar.

Ele acredita, ainda, que os assaltantes recebiam informações de pessoas que trabalhavam em obras da rua, pois conheciam bem a rotina da casa.

Apartamento
O perigo de assaltos não existe somente para quem mora em casa. No final do ano passado, o estudante Rafael Sidrim, de 23 anos, saiu com a família em um sábado pela manhã e só voltou à noite para o apartamento no qual moram.

A surpresa veio quando eles subiram as escadas do prédio, que fica na 408 Norte, e viram que a porta do apartamento tinha sido arrombada. Rafael foi o primeiro a entrar, para verificar se o assaltante ainda estava no local.

O tempo em que a família ficou fora foi suficiente para o bandido arrombar a porta e levar objetos de valor. "Pegaram videogame, notebook, três pares de tênis e um celular", lembra Rafael.

O prejuízo foi estimado em quase R$ 4 mil. O pai de Rafael prestou queixa na delegacia, mas nada foi recuperado. "Até agora não deu em nada. Não acharam o bandido", contou o estudante.

Para evitar novos roubos, a família colocou uma chapa de ferro na porta, para ficar mais difícil de ser arrombada. O susto e o prejuízo deixaram o estudante apreensivo.

"Fiquei triste pelas coisas terem sido roubadas. Foi uma grande perda. Pelo menos, não tinha ninguém em casa na hora do assalto", afirma.

Ameaça
A audácia dos ladrões é tamanha que mesmo residências ocupadas se tornaram alvos da ação deles. Na última quinta-feira, uma casa na QI 21 do Lago Sul foi assaltada por cinco homens, sendo que três deles estavam armados.

Eles usaram luvas e capuzes para não serem identificados. Três empregados foram rendidos por volta das 10h30. Os bandidos procuravam joias, armas e dinheiro.

Às 14h, a proprietária da casa chegou, acompanhada de duas pessoas, e também foram rendidas. Os ladrões levaram objetos pessoais, joias e um notebook.

Depois, fugiram em um dos veículos da casa, uma caminhonete Hilux. O carro foi encontrado pelos policiais civis na QI 17 e os assaltantes ainda estão sendo procurados pela polícia.

Outro assalto que chamou a atenção, na última semana, envolveu a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, conforme nota da colunista Paula Santana, do Jornal de Brasília.

"Em meio a tantas viagens, Roseana sempre que voltava para casa, na QI 11, Lago Sul, dava falta de objetos pessoais de valor. Pediu uma investigação discreta aos seus seguranças. Descobriu, dias atrás, que o gatuno era um vigia das redondezas que entrava pela janela na calada da noite", revela a nota.

Viagem de férias é sinônimo de descanso, porém, deixar a casa sozinha tornou-se uma preocupação para grande parte dos brasilienses.

Prova disso é o aumento na procura por instalação de câmeras de vídeo, alarmes e cercas elétricas em residências do Distrito Federal.

A empresa Setec é responsável pela segurança de mais de duas mil residências na cidade. Segundo o proprietário da empresa, Argenor Neto, a maior demanda por alarmes está no Lago Sul.

"Os moradores de apartamentos ainda não têm uma cultura de instalação de medidas de segurança. Só as pessoas que moram no primeiro andar dos edifícios é que se sentem ameaçadas, diferentemente do que ocorre no Rio de Janeiro e São Paulo", afirma Neto.

A Setec comercializa e instala sistemas de alarme, câmeras e monitoramento 24 horas. Mas, para adquirir o serviço, o brasiliense tem de pagar quantias um tanto salgadas: a partir de R$ 1,5 mil, e prestações que giram em torno de R$ 150.

Segundo os especialistas na área de segurança, os assaltos, em muitos casos, são feitos de maneira parcelada.

No primeiro dia, os ladrões são cautelosos. Roubam somente alguns pertences. Depois, voltam com calma e roubam até veículos, para carregar objetos maiores.

Tecnologia
A tecnologia na área de segurança está cada dia mais avançada. O especialista Walter Uvo, da empresa FocusMind, esplica que hoje a pessoa pode monitorar a casa de qualquer lugar onde estiver.

"A fragilidade deste período de férias está na ausência de pessoas nas residências. Isso facilita a ação de bandidos, que agem com pouco risco. Eles conseguem fazer furtos em etapas com facilidade. Passam dois, até três dias na ação criminosa. Muitas vezes, o furto só é percebido quando os moradores retornam", alerta o especialista.

Com o avanço da tecnologia, a internet se tornou uma aliada da segurança. Agora, já é possível acompanhar o que acontece em casa por meio de câmeras.

"A empresa especializada levará em consideração as combinações de fatores como topografia, iluminação e espaço.

Atualmente, existem equipamentos de última geração, com e sem fio. Para monitorar a residência à distância, basta apenas possuir um provedor de internet banda larga com boa capacidade de transmissão de dados", detalha Uvo.

O especialista esclarece que é possível montar projetos de segurança para perfis variados, no que se refere aos aspectos técnicos ou financeiros da pessoa.

Medidas para evitar roubos
Depois de sofrer o oitavo roubo em sua residência, o advogado Carlos Figueiredo decidiu investir em um sistema de segurança.

"Cansei de chegar das férias e ver minha casa revirada. Economizei e consegui instalar uma central de alarme. Também coloquei um cachorro no meu quintal", ressalta.

O advogado lamenta que, só após essas iniciativas, os ladrões pararam com os roubos.

A busca por sistemas de segurança, no entanto, chegou até ao celular. Além de alarmes, câmeras e porteiros eletrônicos, o mercado de segurança já oferece equipamentos que permitem monitorar a segurança da residência por meio do aparelho móvel.

Um exemplo da criatividade é o porteiro eletrônico que evita a impressão da casa vazia.

"Se alguém tocar o interfone, o serviço pode desviar a ligação para o celular de uma pessoa da casa. Assim, nunca dará a sensação que está vazia", explica o gerente de produtos da empresa Leucotron Telecom, Vinícius da Silveira.

Segundo Silveira, essas novas soluções podem ser utilizadas no lugar de velhos hábitos já bem conhecidos dos ladrões, como deixar a luz acesa ininterruptamente ou colocar cadeados do lado externo do portão.

Alerta
Os especialistas reforçam, no entanto, que mesmo com os equipamentos de segurança, as pessoas precisam tomar bastante cuidado. Os maus hábitos ainda são os grandes vilões que favorecem os golpistas.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, ao notar que a casa está cheia, os ladrões costumam usar disfarces de prestadores de serviços e se utilizam de crianças para levantamento de dados sobre a residência.

Portanto, todo cuidado é pouco na hora de abrir a porta de casa.

Normalmente, em dias úteis, eles agem nos horários comerciais ou, principalmente, quando sabem que os moradores estão viajando.

Entre os objetos preferidos para serem roubados estão os aparelhos eletrodomésticos, armas, joias e dinheiro.

Para evitar os furtos, a secretaria aconselha sempre deixar algum adulto em casa. E, se dor sair, deixe a televisão ou rádio ligado.

Ao contratar um novo funcionário para a casa, solicite referências pessoais e confirme os dados. Mas, ao presenciar algum movimento suspeito, ligue imediatamente para a polícia por meio do telefone 190.