Brasília, quarta-feira, 15 de julho de 2009 - 19:40
SAÚDE
Crianças tem cada vez mais doenças que só atingiam adultos
Fonte: Correio Braziliense
Quem tem filho pequeno sabe que hoje a infância é vivida de forma bem diferente do que há alguns anos.
Seja devido ao apelo que o computador e os videogames exercem, seja pelo medo da violência, as crianças passam mais tempo em casa, o que as afasta das brincadeiras de rua e dos exercícios físicos.
Já a preocupação com uma boa formação pode levar a uma rotina sempre ocupada e cansativa.
O que muitos pais não sabem, porém, é que esse novo estilo de vida tem feito com que doenças antes restritas aos adultos sejam diagnosticadas cada vez mais cedo.
Nos consultórios médicos, não é raro encontrar pequenos pacientes com hipertensão, diabetes tipo 2 e obesidade — geralmente, vítimas de uma alimentação desregrada e da falta de exercícios.
E a vida corrida faz também com que surjam mais crianças e adolescentes estressados e deprimidos.
O médico pediatra e especializado em endocrinologia Luiz Claudio Castro confirma o aumento de casos como esses.
Segundo ele, houve, por exemplo, um aumento alarmante da obesidade entre os pequenos.
"Existem algumas doenças que são mais frequentes em adultos e por isso pode-se pensar, erroneamente, que não ocorrem na infância e na adolescência. Mas devemos estar atentos, para poder detectá-las precocemente ou mesmo intervir antes que se manifestem", enfatiza.
Foi o que ocorreu com o servidor público Christian Schneider, que descobriu que a filha mais nova, Christianna, sofria de dislipidemia, doença caracterizada por elevados níveis de colesterol ou triglicerídio.
O problema foi descoberto quando a garota estava com apenas 2 anos, época em que surgiram pequenas placas de gordura em suas articulações, chamadas xantomas.
Os exames de sangue de Christianna, hoje com 3 anos, apontaram uma taxa de colesterol alta até mesmo para um adulto: 470mg/dl. "Ficamos muito assustados", lembra Christian.
Ele conta que foi preciso muita disciplina de toda a família para que os níveis de colesterol da filha fossem reduzidos.
"Conseguimos normalizar completamente o nível de colesterol da Kiki (apelido de Christianna). Ela toma remédio todo dia, mas pode comer de tudo sem exagerar", comemora o pai, para quem a maior recompensa é ver a filha saudável, podendo brincar feliz com a irmã mais velha, Catherina.
O caso da pequena Christianna tinha origens genéticas, mas problemas como dislipidemia e hipertensão também podem ser resultado de maus hábitos alimentares.
A nutricionista Deise Lopes, acostumada a atender crianças com problemas alimentares, explica que os pequenos são bombardeados pelas propagandas de produtos industrializados.
"Os salgadinhos geram muito conflito em casa. A criança vê o coleguinha levá-los de lanche para a escola e quer o mesmo. Mas a merenda tem de ter sempre uma fruta, e o suco de caixinha pode ser substituído pela polpa", aconselha, mesmo sabendo que essas medidas podem exigir muita dedicação e paciência dos pais.
O comprometimento da família, por sinal, é fundamental. É o que mostra a história de João Pedro Soares, 10 anos, que desde bem cedo teve de lutar contra o sobrepeso.
Segundo sua mãe, Márcia Heleny Soares, o menino começou a engordar aos 5 anos. Foi então que Márcia fez a proposta: emagrecerem juntos.
"Foi só cortar os excessos e tirar pão, pizza, doces e salgadinhos. Ele também não come mais fritura", conta. Dois meses depois, João já tinha perdido 6kg e impedido o surgimento do diabetes tipo 2, que, segundo sua nutricionista, ameaçava instalar-se.
O mal, apesar de poder ocorrer devido a causas genéticas, aparece também por falta de uma alimentação adequada.
Não é só a saúde física das crianças que está ameaçada. Problemas como estresse e depressão também podem afetá-las.
A psicóloga infantil Yvanna Sarmet acredita que não é fácil identificar a causa do estresse infantil.
"Cada criança tem a sua própria história e suas vulnerabilidades, mas a sobrecarga de atividades pode ser apontada como um fator que desencadeia essa resposta em algumas delas."
Conflitos familiares, nascimento de um irmão, adoecimento ou morte de alguém querido e até o desempenho escolar também podem causar estresse ou mesmo depressão nas crianças.
Por isso é importante ficar atento às pequenas mudanças de comportamento, que podem indicar o começo de um quadro clínico.
Tipos de gordura
Colesterol e triglicerídeos são gorduras de origens diferentes. São medidos em miligramas por decilitro (mg/dl).
Enquanto o colesterol é de origem animal (proveniente de alimentos como leite e derivados, carnes e gema de ovo), os triglicerídeos são de origem vegetal (óleos vegetais, massas e doces).
A taxa máxima de colesterol nos adultos é de 200mg/dl e, nas crianças, de 170mg/dl. Já o índice de triglicerídeos deve ser de até 150mg/dl, no adulto, e de 110mg/dl na criança.
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