As elevações nas faixas de pedestre foram feitas há dois anos, pelo então diretor do Detran Délio Cardoso.

Segundo informações do Departamento de Trânsito (Detran), das cinco mil faixas de pedestre do Distrito Federal, 200 foram elevadas. Cerca de R$ 100 mil foram gastos nessa elevação.

A intenção era colocar as elevações em locais com maior circulação de pedestres, como em áreas próximas a escolas e hospitais.

Mesmo com um planejamento feito pelo órgão para a implementação das novas faixas, a medida não deu certo.

A reclamação dos motoristas foi grande e decidimos parar de elevar as faixas, explica o Diretor de Segurança de Trânsito, Déverson Lettieri. Francenildo Alves Maciel é um dos que reclamam das elevações.

Ele trabalha há quatro anos como condutor de ambulâncias do Serviço Médico de Urgência (Samu).

Desde quando as elevações foram implementadas que ele reclama do perigo que isso pode trazer para os pacientes que são transportados pela ambulância.

Ele já teria mandado um e-mail para o Detran reclamando, mas não teve resposta. Segundo ele, passar por essas faixas pode causar problemas para a pessoa transportada.

"Quando estamos com um paciente em estado grave, temos que aumentar a velocidade para transportá-lo. Passar por essas faixas com uma alta velocidade pode fazer com que a pessoa sinta um impacto forte e até se machuque", explica Francenildo.

O impacto pode fazer a diferença. "Se a pessoa estiver com uma lesão perto da medula e passar por essa elevação, num pulo ela pode atingir a medula e ficar paraplégica"afirma.

A reclamação também vem de pessoas que utilizam meios de transporte motorizados regularmente. É o caso do taxista Adaílson Rodrigues Marques.

Ele afirma que as elevações são ruins e "assustam" os passageiros. Para ele, há outros meios de reduzir a velocidade perto das faixas de pedestre.

"É melhor colocar sinalizadores sonoros, são mais eficientes e não corre o perigo de quebrar o carro", argumenta.

Redutor é necessário
Para o professor de Trânsito da Universidade de Brasília, Joaquim Aragão, as elevações nas faixas são eficazes se forem colocadas em lugares em que é necessária a redução de velocidade.

"Em rotas de serviços emergenciais, a colocação dessas elevações é mais problemática. Mas em locais em que é necessário diminuir a velocidade da via, isso pode ser um benefício", explica Aragão.

Dependendo da função de cada via, se estuda o que é mais eficaz para a travessia de pedestres, como a implementação de passarelas em locais de grande fluxo contínuo de carros, ou de passagem de pedestre sonorizadas, quando for uma via menor mas com grande movimento de pessoas.

Problemas mecânicos
O professor de Engenharia Mecânica da Universidade de Brasília, Alessandro Borges, explica que as elevações na faixa de pedestres podem causar problemas no carro.

"Quanto maior a velocidade que o motorista passar pela elevação, maior será a possibilidade de ter problemas na suspensão e no amortecedor", afirma ele.

Segundo Borges, a elevação causa um impacto na suspensão, que pode dar problemas no carro a médio e longo prazo.

"Não é algo imediato, mas contribui para a diminuição da vida útil do carro", explica.

E dependendo de como o carro entra nas elevações, ele pode desalinhar, o que significa um gasto a mais para o motorista.

O ideal, para o professor, é colocar sonorizadores na pista, ao invés de elevar a faixa. Isso faz com que o motorista tenha atenção do que vem à frente e não prejudica tanto o carro.

O Diretor de Segurança de Trânsito do Detran, Déverson Lettieri, reconhece que as faixas elevadas não supriram as expectativas, mas já estuda outras alternativas.

"Não vamos retirar as faixas. Mas quando fazemos o recapeamento das pistas, igualamos o asfalto com o nível da faixa de pedestre. Agora estamos investindo em a parte de acesso às faixas de pedestre" afirma Lettieri.

Além disso, a sinalização das faixas de pedestre deve ser reforçada. 53 tótens luminosos serão implementados para melhorar a travessia dos pedestres.

Isso deve aumentar a visibilidade dos de quem passa pela faixa e possibilitar uma travessia mais segura.