Brasília, sexta-feira, 16 de outubro de 2009 - 13:34
CUIDADOS
Com a chuva, vem o alerta da dengue
Fonte: Correio Braziliense

O início do período chuvoso é sinal de alerta para as equipes que combatem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, o transmissor do vírus da dengue. A água depositada em pneus, vasos e outros recipientes que a mantenham limpa se torna berçário para o inseto.
Até agora, a prevenção parece estar dando resultados: o número de casos confirmados diminuiu quase 30% em relação a outubro do ano passado.
A conscientização da sociedade é a grande arma contra o avanço da doença, que já matou uma brasiliense em 2009.
A vítima, cuja identidade não foi divulgada, é uma mulher que morava em São Sebastião, cidade onde os casos caíram pela metade em comparação com o ano passado.
Ela desenvolveu dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença. Em São Sebastião, já foram registrados outros nove casos em 2009.
Em todo o Distrito Federal, de janeiro a outubro, foram 1.497 suspeitas e 397 (26,5%) confirmações. Quase 70% dos casos confirmados são de pessoas que acreditam ter adquirido a doença no próprio DF.
Comparado ao mesmo período de 2008, verifica-se uma redução de 53% dos casos notificados e de 29,1% dos confirmados, de acordo com dados da Secretaria de Saúde do DF.
Planaltina registrou o maior número de casos este ano: 122, seguido por Estrutural e Sobradinho, com 22 e 21, respectivamente.
O local onde há o maior perigo de se contrair dengue no DF, porém, é a Estrutural, devido a uma equação que leva em conta o número de moradores e de casos.
Não é difícil saber o motivo. Em um rápido passeio pela cidade, a equipe do Correio encontrou inúmeros recipientes capazes de armazenar água jogados pelas ruas.
São pneus, garrafas, vasos, latas, tampas de caixa d´água e outros tipos de entulho, que permanecem à vista, apesar do esforço do governo para urbanizar o local — todas as ruas estão sendo asfaltadas.
A situação assusta moradores, como a técnica em computação Angenira do Amaral, 28 anos. Ela já presenciou dois casos de dengue dentro de casa e não sabe o que fazer para se proteger.
"Lá em casa não tem água parada. Mas o que mais podemos fazer? Limpar a rua toda?", questiona.
"Meu pai é velhinho já e pegou dengue ano passado. Quase morreu, coitado", preocupa-se. "Eu quero saber um jeito que eu possa cobrar do governo para que mate os mosquitos por aqui", pede.
Há sete unidades do Núcleo de Controle de Invertebrados Transmissores de Doenças no DF. Elas são responsáveis por combater o mosquito nas 28 regiões administrativas, por meio da conscientização e do extermínio das larvas com veneno.
O Gerente de Controle de Vetores do DF, Rodrigo Mena, pede que as pessoas recebam bem os agentes.
"O trabalho mais importante é o de ensinar as pessoas a evitar a reprodução do mosquito. Por mais que matemos, há muitos lugares a que não chegamos", afirma ele.
"O poder de evitar grande aumento de contágios é da população(1). E dá para sentir quando ela se conscientiza. Após grandes surtos, como o que ocorreu no Rio de Janeiro em 2008, a número de casos tende a cair nos anos seguintes porque as pessoas lembram mais", explica.
A dona de casa Ercília Trindade, 62, também moradora da Estrutural, sempre recebe bem os agentes. "Até ofereço água e biscoito", diverte-se.
"Eu não sabia o que podia fazer ou não e acabei passando anos criando os mosquitos. Agora, sigo sempre todas as dicas (veja quadro) e mantenho minha casa livre. Graças a Deus, nunca peguei dengue", comemora.
1 - Epidemia
Em 2008, foram registrados mais de 200 mil casos de dengue no estado do Rio de Janeiro, a maioria na capital.
Foram pelo menos duas centenas de mortes, sendo mais de 30% de pessoas com menos de 15 anos de idade. O estado tem cerca de 6 milhões de habitantes.
Como se prevenir?
# O mosquito coloca seus ovos na água parada e limpa.
Por isso, siga estas recomendações:
# Não deixe água acumulada em vasos de plantas e xaxins.
# Coloque areia grossa nesses recipientes.
# Não abandone pneus velhos. Eles são o ´berçário´ predileto do mosquito. Guarde em local protegido ou fure.
# Não deixe destampadas caixas d´água, poços, latões e filtros.
# Troque diariamente a água de bebedouros de animais.
# Jogue fora materiais que acumulem água, como copos e latas.
Proteja-se
Quem achar que sua vizinhança precisa de uma visita do Núcleo de Controle de Invertebrados Transmissores de Doenças no DF, pode entrar em contato com o órgão pelo telefone 3344-7404.
100 milhões de vítimas no mundo
Causada por um arbovírus da família Flaviviridae, a dengue é uma das doências mais endêmicas do mundo, vitimando cerca de 100 milhões de pessoas por ano no planeta, de acordo com estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Ainda segundo o órgão, a forma hemorrágica da doença ataca 500 mil pessoas por ano, com taxas de mortalidade de até 30%. As primeiras epidemias ocorreram no início do século 20 e hoje a dengue é endêmica no sudeste asiático.
Nas Américas, o Brasil é campeão de casos (foram quase 400 mil em 2008), seguido pelo México. Em Brasília, os primeiros casos surgiram apenas em 1991.
Foram 29 confirmações — todas de pessoas que pegaram a doença em outros estados. As primeiras cinco transmissões locais aconteceram em 1997. Hoje, a média anual no DF é de 332 casos.
A dengue é transmitida por meio da picada de uma fêmea do mosquito Aedes aegypti contaminada pelo vírus. O macho se alimenta apenas de seiva de plantas e não de sangue.
Cada mosquito vive, em média, 45 dias e pode contaminar até 300 pessoas. Ele se alimenta durante o dia, é escuro, tem listras brancas e é menor que um pernilongo.
O homem e alguns macacos são os únicos hospedeiros vertebrados do vírus. A doença, porém, só se manifesta em humanos.
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