Brasilienses são os campeões no estudo

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Brasília, sexta-feira, 16 de outubro de 2009 - 13:44

EDUCAÇÃO

Brasilienses são os campeões no estudo


Fonte: Correio Braziliense

Distrito Federal é a unidade da Federação com melhor índice de escolaridade do país

CB

Mais de um milhão de habitantes passaram ao menos 10 anos em sala de aula. Desafio é ampliar o ensino infantil.

O Distrito Federal é a única unidade da Federação em que mais da metade dos moradores passaram pelo menos 10 anos da vida estudando.

Mais de 1 milhão de pessoas (51,35% da população acima de 10 anos de idade) dedicaram pelo menos uma década às salas de aula — entre elas, 304 mil (14,24%) estudaram por mais de 15 anos.

Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios(1) (Pnad) referente a 2008 mostram o nível de educação do brasiliense.

Em média, um morador do DF estuda 8,6 anos na vida. Esse tempo não é suficiente para concluir o ensino fundamental e o médio em cursos regulares.

Até 2008, eles somavam 11 séries — agora, são 12, com a inclusão de uma no nível fundamental. Até a média, porém, é a melhor entre os estados do país.

De acordo com Mozart Neves Ramos, presidente do Movimento Todos pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação, cada ano de estudo aumenta, em geral, 15% a renda da pessoa.

O índice varia dependendo do grau de escolaridade. Um ano no ensino fundamental significa acréscimo de 6% na renda, enquanto um ano de uma pós-graduação provoca melhoria de 47% na remuneração.

"Na medida em que se passa pelas etapas da educação, o impacto é cada vez maior. Por isso, é importante motivar o jovem e fazer com que ele conclua a escola e aprenda. Não adianta passar pela sala de aula sem aprender", disse Ramos.

Cursar uma faculdade sempre foi o objetivo do aluno do 3º semestre de engenharia civil da Universidade de Brasília (UnB) Leonardo Cappellesso, 20 anos. Os pais dele são formados, e o jovem sabia que trilharia o mesmo caminho.

"Com um diploma, fica mais fácil conseguir emprego e os salários são melhores", afirmou.

Depois que terminar o curso e arranjar emprego, ele quer partir para uma pós-graduação, assim como a colega Letícia Morais, 20, também estudante de engenharia.

"Temos que continuar estudando, não dá para parar", comentou Letícia.

No extremo oposto do perfil educacional do brasiliense, há 132 mil pessoas — ou 5,62% da população — que não sabem ler e escrever. Apesar de a estatística dimensionar o problema, mostra também uma boa notícia.

O DF tem a segunda menor taxa de analfabetismo, só perde (e por pouco) para a Santa Catarina, onde 5,58% da população não domina as letras e o português.

A babá Maria Aparecida Ramos, 32 anos, nunca esteve matriculada em uma escola. Sabe escrever o próprio nome e lê informações básicas, como letreiros de ônibus.

Ela deve o conhecimento a um professor que reuniu um grupo de meninos e meninas em uma sala emprestada na cidade de Intendência (BA).

"O professor só tinha feito até a 4ª série, mas passou o que sabia para a gente", lembrou. Maria estudou no colégio improvisado durante 12 meses.

A baiana tinha 13 anos quando aprendeu o alfabeto e os números. Logo depois, veio para Brasília e assistiu a poucas aulas em uma igreja.

A moradora do Varjão quer voltar a estudar e espera a abertura de uma turma de Educação de Jovens e Adultos(2) (EJA) perto de onde mora.

A filha dela, Kelly Anne Ramos, 7 anos, está na escola desde os 5 e começa a ensinar o que aprende à mãe.

"Ela já sabe muito mais do que eu sabia na idade dela", disse Maria, cujo sonho é ver a filha formada e bem empregada.

Falta de horário, dificuldade de deslocamento, desinteresse e outros problemas afastam os adultos da escola — cerca de 50% desses alunos desistem em menos de um ano.

"Infelizmente, boa parte das pessoas que querem voltar ou começar a estudar não se sente atraída pela metodologia e pelo conteúdo da EJA. Tem dificuldades em cumprir todas as disciplinas ou o horário coincide com a jornada de trabalho", explicou o subsecretário em Gestão Pedagógica e Inclusão Educacional da Secretaria de Educação do DF, Rubens de Oliveira.

Atualmente, há cerca de 60 mil alunos na EJA. A secretaria planeja melhorar o sistema em 2009. Horários flexíveis estão entre as metas.

"A EJA vem sendo remodelada para atrair as pessoas que estão fora da escola. E queremos adquirir material didático específico, hoje inexistente", completou Oliveira.

Crianças
Para evitar que cada vez mais pessoas cheguem à fase adulta sem saber ler ou escrever, os esforços se concentram na educação das crianças.

"O objetivo é que toda criança, ao chegar aos 8 anos, já leia e escreva. É quando se fecha a torneira do analfabetismo", comentou Mozart Ramos.

Segundo o especialista em educação, o ensino médio também pode ser aprimorado com proposta mais interdisciplinar, com focos em aulas práticas, leitura e laboratórios.

A Pnad de 2006 mostrou que apenas 54,3% dos jovens de 15 a 17 anos no DF estão matriculados no ensino médio.

Ramos ressalta ainda que é preciso vencer algumas barreiras, como incluir mais crianças de 4 e 5 anos no ensino infantil.

"No Brasil, cerca de 30% das crianças nessa faixa etária não estudam, só entram na escola aos 6,7 anos. Pesquisas mostram que, se a criança entra aos 4 anos, as chances de ela concluir o ensino médio são 38% maiores do que a pessoa que começa a estudar aos 6."

Hoje, 47 mil meninos e meninas de 4 e 5 anos estão matriculados na rede pública de ensino no DF. Sete novos jardins de infância serão inaugurados no próximo ano para ampliar a oferta.

1- Estatísticas
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), reúne características da população brasileira relativas a migração, educação, trabalho, famílias, domicílios e rendimento.

Todos os estados e o Distrito Federal estão representados no levantamento. A primeira parte da pesquisa mostra indicadores de 2007 e 2008 e a segunda tem retrospectivas de dados coletados entre 1998 e 2008.

2- Nunca é tarde
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) se destina a pessoas que não concluíram os estudos na adolescência e querem retomar o aprendizado. A rede pública oferece o curso em 201 escolas do DF e, em 2008, havia 68.494 alunos no EJA.

Os estudantes podem participar do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos e, se aprovados, recebem um certificado que atesta as habilidades adquiridas no colégio.









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