Brasília, segunda-feira, 7 de setembro de 2009 - 3:45
REDE PÚBLICA
Destaque no Chile, educação integral chega a 85%
Fonte: Agência Brasil
Entre os países da América Latina, o Chile pode ser considerado um modelo de boa educação. Destaque em avaliações internacionais, foi o país melhor colocado no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) nos últimos três anos

Em visita a Brasília para participar de um encontro de ministros, o secretário executivo do Ministério da Educação chileno, Cristian Martinez, enumerou alguns fatores que podem justificar o sucesso do país. Entre eles está a educação em tempo integral, oferecida em cerca de 85% das escolas do país.
De acordo com Martinez, o Chile tem cerca de 3,8 milhões de alunos na rede pública – números modestos perto dos mais de 53 milhões do Brasil.
A taxa de evasão na educação primária, equivalente ao nosso ensino fundamental, é de pouco mais de 1% e o analfabetismo atinge 3,8% da população maior de 15 anos. No Brasil, o índice é de 10%.
As crianças chilenas entram na escola aos 6 anos e cumprem obrigatoriamente 12 anos de estudos, até o ensino secundário. No Brasil, o ensino médio ainda não é obrigatório e a escolaridade compreende apenas a faixa etária dos 7 aos 14 anos.
Em entrevista à Agência Brasil, Martinez fala da experiência chilena e diz que o país também tem o que aprender com o Brasil.
Agência Brasil: Quais são os principais diferenciais que garantem os bons resultados da educação no Chile?
Cristian Martinez: A principal diferença é que faz muitos anos, mais de 40 anos, que se fez um acordo político entre todos os setores - de oposição e de governo - para que a educação fosse um eixo fundamental na política de desenvolvimento do país.
Por isso que os esforços em educação têm sido permanentes, não importa o governo que muda. Os programas são mantidos e há muitos investimentos em educação.
Nos últimos 10 anos, o orçamento da educação mais do que triplicou. Além disso, houve a decisão de estender a jornada escolar e as crianças tem mais horas na escola.
Isso significou investir em novos colégios, ampliar os que já existem , investir em mais horas-aulas para os professores e em outras metodologias educativas.
Quais são os desafios da educação no Chile agora?
Agora o desafio é aprofundar na qualidade. Já temos a cobertura, temos uma infraestrutura muito boa e os programas de apoio estão funcionando bastante bem.
O desafio agora é formar melhor os nossos professores e garantir uma educação com mais qualidade.
O que precisa vir primeiro: garantir que todos estejam na escola ou uma educação de qualidade?
Acredito que o acesso à escola já marca uma diferença, avançar em cobertura é muito importante. Temos que pensar nesse avanço da cobertura aliada à qualidade, mas acredito que o principal é tirar as crianças da rua e levá-las à escola.
Abrindo as portas de umas escola a criança pode deixar a rua, estar em um colégio, aprender, estar mais protegida e podemos focalizar em políticas de alimentação, vestuário e outras.
A primeira fase de qualquer política deve ser a de abrir portas e ganhar a luta contra as ruas. E a fase seguinte deveria ser aprofundar a qualidade. O Chile tem uma boa cobertura no ensino básico, tanto o primário quanto o secundário.
Hoje estamos abrindo muitas portas para as crianças em fase pré-escolar. Se não há recursos suficientes, há que priorizar a abertura dessas portas, para logo aprofundar em qualidade.
O que o Brasil e outros países da América Latina poderiam aprender com a experiência chilena?
Uma das coisas é o currículo que implementamos nos últimos anos. Ele é bastante flexível e pode ser adaptado de acordo com as necessidade das regiões e dos colégios.
Há uma certa autonomia para que os colégios possam adaptar os planos e os programas. Mas o principal, eu acredito, é o efeito positivo da garantia da jornada estendida.
A decisão de passar de duas jornadas – manhã e tarde – para uma jornada completa teve um grande impacto. Cerca de 85% dos colégios do Chile estão nessa situação.
São muito mais horas de classe, maior permanência dos alunos e melhores resultados. Agora temos que aprofundar mais em qualidade e na formação de professores.
Qual é o objetivo do encontro com os outros ministros aqui no Brasil?
Nossa intenção é sempre conhecer o que está acontecendo na América Latina, temos uma disposição para compartilhar e conhecer boas práticas de outros países, creio que o Brasil tem muito a mostrar sobre o que tem feito em educação.
Quais projetos do Brasil interessam ao Chile?
O Bolsa Família é muito interessante, é um projeto muito potente. Os programas de alfabetização também são importantes. Apesar de praticamente toda a população do Chile estar alfabetizada, há zonas rurais em que é difícil chegar.
As metodologias de ensino e as tecnologias de informação que estão sendo utilizadas aqui são muito interessantes. Vamos seguir compartilhando essas experiências.
Últimas notícias
Julgamento no STF adia, na Câmara, votação de isenção do IR para até R$ 5 mil
11/9 - 13:53 |
Conquistas e derrotas sociais: leitura mirando 2026
11/9 - 13:31 |
Condenação ou anistia para os golpistas de 2023
8/9 - 15:46 |
ENSINO SUPERIOR: Conquistas que valem a pena e valorizam a luta
8/9 - 12:20 |
A “morte por desespero” no Brasil: face oculta do neoliberalismo
Notícias relacionadas
Trabalhador deve receber auxílio alimentação sem nenhum desconto
24/8 - 12:53 | CAMPANHA SALARIAL
SAEP assina CCT do Ensino Superior; aumento no tíquete e no piso
18/8 - 11:55 | CAMPANHA SALARIAL
Ensino Superior próximo à assinatura da CCT 2016
17/8 - 14:30 | ENSINO SUPERIOR
Campanha salarial: SAEP convoca para assembleia
8/7 - 12:10 | DENUNCIANDO O GOLPE
Em defesa da educação: Desmontando as mentiras de um governo golpista