Cresce número de deputados distritais que representam corporações

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Brasília, segunda-feira, 19 de julho de 2010 - 10:15

ELEIÇÕES 2010

Cresce número de deputados distritais que representam corporações


Fonte: Correio Braziliense

Sindicatos, categorias de servidores, associações e grupos sociais têm maior voz na Câmara Legislativa. Dos 24 parlamentares eleitos em 2006, 17 representam grupos específicos e defendem pautas bem definidas

Defender interesses corporativos ou as aspirações da sociedade? Atualmente, 70% dos deputados distritais vivem esse dilema. Um levantamento do Instituto de Pesquisa Soma Opinião e Mercado mostra que 17 dos 24 distritais representam grupos específicos, que possuem pautas bem definidas.

Dez deputados são de bases corporativas, como policiais, médicos, professores; quatro representam fiéis de diferentes igrejas; e três são empresários. Apenas sete foram eleitos por votos distribuídos no Distrito Federal ou por regiões específicas.

O levantamento mostra que essa é uma tendência política. Na primeira formação da Câmara Legislativa, em 1990, a conta era inversamente proporcional, ou seja, apenas 30% dos deputados representavam interesses restritos.

Os números mudaram aos poucos no decorrer dos últimos 20 anos e devem continuar nesse ritmo.

Segundo o professor de Ciência Política da Universidade de Brasília David Fleischer, a organização de um grupo social, sindical ou religioso facilita a mobilização em torno de uma pessoa.

Para ajudar na identificação com o grupo, muitos candidatos adotam a categoria no nome. São doutores, pastores, professores, coronéis, entre diversos outros.

A tática é muita utilizada entre os evangélicos. São seis bispos e 11 pastores declarados. Peniel Pacheco (PDT) já foi deputado distrital, é pastor da Assembleia de Deus, mas não adotou a função no nome. Aliás, ele se diz contra essa postura.

"Acho isso uma falha, porque você é pastor quando está atuando na comunidade, mas não pode pastorear na Câmara", diz.

Segundo Peniel, há um grande risco de transformar a atuação religiosa em radicalismo ideológico ao se misturar o púlpito da igreja com a tribuna parlamentar. "Não se pode fazer pregação na propaganda eleitoral e nem campanha entre os fiéis", destaca.

David Fleischer diz que o maior problema surge quando o político precisa se posicionar no parlamento sobre questões ligadas à própria base.

"Ele representa os interesses do grupo que o elegeu e deixa a população a ver navios. Isso é ruim para a Câmara e para a sociedade, visto que cada vez menos deputados defendem os interesses gerais", afirma o professor.

Para ele, a única solução é a adoção do sistema de lista fechada. "É importante fortalecer os partidos para que as linhas ideológicas sejam mais bem definidas e as atuações parlamentares mais abrangentes."

Bases eleitorais
Outros grupos também se destacam na lista de candidatos. A segurança tem 15 postulantes com a patente estampada no nome que vai para a urna na eleição de outubro.

São cabos, coronéis, subtenentes, sargentos, majores, além de bombeiro e delegado. A educação é a mais representada. São 28 professores disputando a indicação dos colegas.

Mas nem todos estão identificados. Na última legislatura, apenas os deputados Batista das Cooperativas (PRP), Pastor Aguinaldo de Jesus (PRB) e Dr. Charles (PTB) foram eleitos estampando nos nomes as origens.

Apesar disso, todos contam com base eleitoral em segmentos ou regiões específicas.

A vida política da deputada distrital Érika Kokay (PT) nasceu no movimento sindical. Ela foi presidente do Sindicato dos Bancários e da Central Única dos Trabalhadores no DF.

Para a deputada, não há problema em se eleger alguém que represente um segmento, desde que os interesses desse grupo não se sobreponham às necessidades da população.

"Sempre defendi os direitos dos trabalhadores, que são harmonizados com as lutas da sociedade", afirma.

Érika chama a atenção para os casos em que os interesses privados se sobrepõem aos coletivos. Segundo a distrital, essa pode ser a origem para os casos de corrupção, como aconteceu na Caixa de Pandora.

"As pessoas se sentem donas dos recursos públicos e os utilizam para o benefício próprio, além de receberem cargos para distribuir livremente para os membros do seu grupo", analisa a petista.









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