Brasília, sexta-feira, 24 de julho de 2009 - 12:47
REDUÇÃO DA JORNADA
40 horas: desemprego justifica luta dos trabalhadores
Fonte: CTB
Outro dado preocupante foi a queda do rendimento real em 0,3% na comparação a maio. Foi a quinta queda seguida

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta-feira (23), estudo que atesta a redução da taxa de desemprego em junho.
Segundo o IBGE, o desemprego nas regiões metropolitanas caiu de 8,8% em maio para 8,1% em junho, sendo o menor índice desde dezembro do ano passado, quando o desemprego foi agravado pela crise capitalista internacional.
Desalento
A consultoria Rosenberg & Associados afirma que a redução registrada pelo IBGE se deve ao desalento da população em procurar emprego.
O IBGE considera desempregado apenas quem está efetivamente em busca de um emprego nos 30 dias anteriores à pesquisa.
Esse contingente de pessoas recuou 8,3% de maio para junho.
Mas uma parte significativa dessa redução não ocorreu em função de novas contratações, pois a taxa de trabalhadores empregados cresceu apenas 0,8%.
"Isso corrobora a ideia de que a melhora no dado de desemprego se deve ao desalento" e que a crise, ao deprimir a oferta de postos de trabalho, faz com que muitos desempregados deixem de procurar emprego, de forma que embora desempregados não são incluídos na pesquisa do instituto.
"Com a sensação de que não irão encontrar trabalho, as pessoas param de procurar emprego e saem das estatísticas de desempregados do IBGE", avalia a consultoria Rosenberg & Associados, em relatório sobre o tema.
Isto significa que a estatística do IBGE (chamada de desemprego aberto) subestima a real dimensão do problema, embora não se possa dizer que seja manipulada. O Dieese utiliza uma metodologia diferente, que capta de forma mais ampla e convincente a realidade do desemprego.
Por esta razão, a taxa de desocupados do Dieese é bem superior à do IBGE, situando-se hoje em torno de 15%.
Renda menor
Outro dado preocupante foi a queda do rendimento real do trabalhador em 0,3% na comparação a maio. Foi a quinta queda seguida do salário real relacionada com a crise financeira.
O dado sugere que as novas contratações estão sendo feitas com salários inferiores aos dos que foram demitidos, o que também é sinalizado por outras estatísticas. O fato também tem a ver com reação desigual dos diferentes setores e ramos da economia à crise.
O desempenho da indústria até o momento foi lastimável. O nível de emprego no setor, que ainda não superou a recessão, caiu pelo terceiro trimestre consecutivo, segundo informações da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Como os salários diretos e indiretos pagos pela indústria geralmente são maiores que os outros setores da economia, este comportamento certamente contribuiu para a queda da renda.
Diferentemente, o setor de comércio e serviços, com destaque para o setor público, apresenta um saldo positivo de contratações.
Outro fator que pressiona para baixo a remuneração do trabalho é o elevado índice de rotatividade da mão-de-obra, que decorre da abusiva liberdade que os capitalistas desfrutam de demitir sem justa causa.
No mês passado, apesar do saldo positivo das contratações no mercado formal de trabalho, segundo informações do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) ocorreram 1.356.349 admissões e nada menos do que 1.236.854 dispensas.
A rotatividade é um mecanismo que os capitalistas utilizam com um único propósito: rebaixar os salários, pois os novos trabalhadores e trabalhadoras ingressam no mercado geralmente com salário menor.
Seguro desemprego
Também é necessário considerar o recorde registrado no pagamento do seguro-desemprego, que atingiu quase R$ 10 bilhões no primeiro semestre do ano.
Ao lado da crise, da valorização do salário mínimo e da ampliação do prazo do benefício para algumas categorias, a rotatividade também contribui para explicar o aumento, que foi anunciado pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, nesta quinta-feira (23).
Segundo Lupi, o governo federal liberou R$ 9,95 bilhões para o pagamento do seguro-desemprego no primeiro semestre deste ano, o que representa recorde nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, desde 2003.
Redução da jornada
"Tivemos um grande volume de demitidos em dezembro que começam a receber o seguro-desemprego a partir de janeiro e fevereiro. Até dar entrada e receber, demora 45 a 60 dias", disse o ministro.
Ele fez questão de afirmar que a liberação desses recursos ajuda a amenizar os efeitos da recessão, pois o curto dinheiro que o trabalhador recebe é imediatamente consumido, estimulando o comércio e, por extensão, a produção.
Apesar da recuperação em curso, a realidade do mercado de trabalho brasileiro é crítica, sendo caracterizada por uma taxa de desemprego elevada.
O movimento sindical está no caminho certo ao exigir a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, que será a principal bandeira das manifestações unificadas convocadas pelas centrais e dos movimentos sindicais para São Paulo e outras capitais e cidades brasileiras.
A medida, associada à coibição das horas extras, pode gerar 2,5 milhões de novos postos de trabalho no Brasil, de acordo com estimativas do Dieese.
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