Brasília, segunda-feira, 23 de setembro de 2013 - 17:11
CAPITAL HUMANO
Artigo: Gestão de pessoas ou do lucro?
Por: Carlos Cordeiro* |
Nos últimos anos, o mundo do trabalho vem sofrendo profundas transformações no Brasil. As mudanças tecnológicas, a implantação de novos modelos de produção, os processos de terceirização, quarteirização e “pejotização”, a competição desenfreada e a obstinação pelo lucro alteraram conceitos de gestão e causaram fortes impactos na vida dos trabalhadores.
As empresas que antes usavam o termo recursos humanos nas suas relações de trabalho passaram a usar novas denominações, como gestão do capital humano, administração do capital intelectual, área de talentos humanos e diretoria de gente, entre tantos outros. Mas nenhum deles parece que ganhou maior adesão do que gestão de pessoas.
Mais importante do que analisar diferenças e semelhanças, se é que existam na prática, é avaliar os reflexos de todas as inovações empresariais na rotina dos funcionários, agora denominados de colaboradores, mas somente na hora de produzir e não para definir ações e estratégias e muito menos para distribuir resultados. Cada vez mais, o trabalhador é obrigado a cumprir metas individuais e abusivas, chamadas de desafiadoras, sob pena de virar peça descartável.
Nas instituições financeiras, onde a gestão de pessoas faz escola e os lucros não param de crescer, as condições de trabalho pioraram. Os bancários sofrem com a violência organizacional e o assédio moral. A política de demissões, a rotatividade e o corte de empregos nos bancos privados sobrecarregaram os serviços e trouxeram estresse, adoecimento e afastamento de muitos profissionais. Há ainda discriminações e desigualdades de remuneração e tratamento.
Todo esse descaso revela que o respeito, a saúde e a dignidade do trabalhador efetivamente não estão no radar das empresas. O que existe, na realidade, é a gestão do lucro. Não é à toa que melhorar o índice de eficiência virou reduzir despesas. E segurança é tratada como custo. A proteção da vida das pessoas não é considerada prioridade.
O pior é que os altos executivos, que chegam a ganhar bônus milionários, buscam resultados ainda maiores, pouco se importando se o empregado está trabalhando no limite de suas condições humanas. Os acidentes e os casos de mortes e suicídios por causa do trabalho são sinais alarmantes de que essa situação precisa mudar.
A liberação completa da terceirização, caso seja aprovado o Projeto de Lei nº 4.330/2004, do deputado Sandro Mabel, vai precarizar ainda mais o trabalho. Os terceirizados ganham menos, possuem jornadas mais longas, quase não têm organização sindical e são vítimas de calotes de empresários. Por isso, o sonho de todo trabalhador terceirizado é ser contratado pela empresa onde presta serviço. Mas nenhum contratado diretamente quer virar terceirizado amanhã na empresa em que trabalha.
A gestão do lucro não pode continuar. Faz mal para os trabalhadores e ao Brasil. Uma das batalhas da civilização é o reconhecimento da primazia do trabalho sobre o capital. O trabalhador não pode ser tratado como mercadoria. O mundo do trabalho precisa de emprego decente. A vida das pessoas tem que ser colocada acima do lucro.
(*) Carlos Cordeiro é presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e da UNI Américas Finanças.
As empresas que antes usavam o termo recursos humanos nas suas relações de trabalho passaram a usar novas denominações, como gestão do capital humano, administração do capital intelectual, área de talentos humanos e diretoria de gente, entre tantos outros. Mas nenhum deles parece que ganhou maior adesão do que gestão de pessoas.
Mais importante do que analisar diferenças e semelhanças, se é que existam na prática, é avaliar os reflexos de todas as inovações empresariais na rotina dos funcionários, agora denominados de colaboradores, mas somente na hora de produzir e não para definir ações e estratégias e muito menos para distribuir resultados. Cada vez mais, o trabalhador é obrigado a cumprir metas individuais e abusivas, chamadas de desafiadoras, sob pena de virar peça descartável.
Nas instituições financeiras, onde a gestão de pessoas faz escola e os lucros não param de crescer, as condições de trabalho pioraram. Os bancários sofrem com a violência organizacional e o assédio moral. A política de demissões, a rotatividade e o corte de empregos nos bancos privados sobrecarregaram os serviços e trouxeram estresse, adoecimento e afastamento de muitos profissionais. Há ainda discriminações e desigualdades de remuneração e tratamento.
Todo esse descaso revela que o respeito, a saúde e a dignidade do trabalhador efetivamente não estão no radar das empresas. O que existe, na realidade, é a gestão do lucro. Não é à toa que melhorar o índice de eficiência virou reduzir despesas. E segurança é tratada como custo. A proteção da vida das pessoas não é considerada prioridade.
O pior é que os altos executivos, que chegam a ganhar bônus milionários, buscam resultados ainda maiores, pouco se importando se o empregado está trabalhando no limite de suas condições humanas. Os acidentes e os casos de mortes e suicídios por causa do trabalho são sinais alarmantes de que essa situação precisa mudar.
A liberação completa da terceirização, caso seja aprovado o Projeto de Lei nº 4.330/2004, do deputado Sandro Mabel, vai precarizar ainda mais o trabalho. Os terceirizados ganham menos, possuem jornadas mais longas, quase não têm organização sindical e são vítimas de calotes de empresários. Por isso, o sonho de todo trabalhador terceirizado é ser contratado pela empresa onde presta serviço. Mas nenhum contratado diretamente quer virar terceirizado amanhã na empresa em que trabalha.
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(*) Carlos Cordeiro é presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e da UNI Américas Finanças.
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