DF: transporte público é caro e insuficiente, quem paga é o usuário

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Brasília, terça-feira, 5 de junho de 2012 - 19:16

ATÉ QUANDO?

DF: transporte público é caro e insuficiente, quem paga é o usuário


Fonte: Jornal de brasília

Apenas neste ano a ouvidoria do DFtrans recebeu 3.770 reclamações por descumprimento de horário dos ônibus, 1.146 por mau comportamento dos motoristas e cobradores, e 50 sobre superlotação

Aproximadamente quatro mil ônibus fazem o transporte de cerca de um milhão de passageiros por dia no Distrito Federal, de acordo com o Transporte Urbano do DF (DFTrans).

Mas o número não tem sido suficiente, principalmente nos horários de pico, quando é possível encontrar veículos lotados e pessoas esperando por horas até passar algum coletivo que consiga entrar de forma confortável.

De acordo com o jardineiro, Rubens Batista, o percurso do Plano Piloto até o Incra 8 dura em média uma hora e meia e ele passa o tempo todo em pé. "É raro eu conseguir sentar. A situação dos ônibus tem de melhorar muito para conseguir atender à demanda", conta.

A linha que Batista pega faz Rodoviária/Brazlândia e é tanta gente, que vai passageiro sentado até na caixa do motor, ao lado do motorista.

Apesar de ser uma realidade comum em Brasília, o Código de Trânsito Brasileiro impõe como infração o ônibus circular acima da capacidade permitida.  No entanto, o coordenador de fiscalização do DFTrans, Fernando Pires, afirma que no DF não existe limite.

Sem regulamentação
"Para os ônibus, existe controvérsia, pois tem de ser regulamentado quantas pessoas cabem por metro quadrado para poder se definir o limite, o que não ocorre no DF. Por isso, não há fiscalização nesse sentido", explica.

Segundo ele, quem tem de fazer a norma é a Secretaria de Transportes, por meio de portaria ou decreto do governador.

Outro problema que dificulta o trabalho é o quantitativo de agentes. "Trabalham menos de 80 auditores e daqui a dois anos a metade irá se aposentar. E eles atuam em todo o DF para coibir transporte irregular, fiscalizar o sistema privado e ainda o transporte público", garante.

Neste ano, até 31 de maio, foram aplicadas 5.112 multas pelo DFTrans. As maiores infrações foram:

- utilizar pneu que resulte em risco para a segurança de passageiro, com 594 multas; falta ou defeito em velocímetro, hodômetro, tacógrafo, extintor de incêndio, triângulo ou em outro equipamento obrigatório, com 523 infrações; e com 431 punições, não atender à programação visual especificada pelo DFTtrans.

Em 2011, foram aplicadas 12.950 multas.

Horário é desrespeitado
De acordo com o coordenador de fiscalização do DFTrans, Fernando Pires, o trabalho nos ônibus acontece diariamente. Entretanto,  a população não se sente confortável com o serviço de transporte coletivo.

Na ouvidoria do órgão, neste ano, as principais reclamações são relacionadas ao descumprimento de horário, 3.770 e sobre o mau comportamento dos motoristas e cobradores, 1.146. Foram registradas 50 reclamações sobre superlotação.

De acordo com o autônomo Emanuel Virgem, a relação do transporte  com os passageiros não é boa. Muitas vezes, acarreta confusão entre os usuários.

"Quando chega ônibus, principalmente linha expressa, ninguém respeita. É  correria, todo mundo empurrando, a confusão é grande. Há problemas também com ônibus quebrado e descumprimento de horário. A situação é bem difícil", diz. Ele gasta quase duas horas de Brasília até o Recanto das Emas.

Sufoco
O piscineiro Manuel Sousa, que trabalha em Brasília e mora no Paranoá, também reclama.

"Temos de ser rápidos para conseguir sentar e eu quase nunca consigo. A viagem acaba se tornando cansativa. Você trabalha o dia inteiro e ainda tem de ficar mais 40 minutos no ônibus, sem lugar para sentar, se equilibrando e doendo o braço. Precisamos de mais veículos", afirma. Nessa linha, viaja gente sentada até no painel do coletivo.

No entanto, de acordo com o pesquisador de trânsito da Universidade de Brasília (UnB), Artur Morais, não há possibilidade de acrescentar ônibus à frota do DF, pois o valor do custo acabaria sendo repassado aos passageiros.

"Poderia até aumentar a frota, mas gera custo, que é transferido para a tarifa. Aqui, quem custeia é o usuário. Se aumentar 20% da frota, por exemplo, aumentaria cerca de R$ 1,50 na passagem."

E completa: "Então, poderia ser igual à Europa, onde o usuário custeia 60% e o restante é pago pela sociedade. A maneira de melhorar essa situação seria encontrando outras fontes de receita. Tem de mudar a estrutura de financiamento", informa.

Sufoco também no metrô
Nas estações do metrô, a realidade  não tem sido diferente da dos ônibus. São vagões sempre cheios e estações lotadas.

O jeito, para muitos passageiros, é se apertar para chegar em casa no horário. No DF, os trens transportam cerca de 150 mil pessoas por dia e cerca de 70% desse número trafega nos horários de pico, nas 24 estações.

O sistema conta com 32 trens, 20 da frota antiga e 12 novos. Desses, 24 operam nos horários de pico. Cada trem tem quatro vagões. Na frota antiga, a capacidade é de 1.404 pessoas e nos trens novos cabem até 1.332 pessoas.

Vai demorar...
No entanto, de acordo com a Companhia do Metropolitano, para ampliar o número de trens circulando ao mesmo tempo é necessário modernizar a via e aumentar a capacidade de energia, o que não há data para acontecer.

"Os trens estão sempre cheios e é bem difícil entrar. Quando consigo, raramente vou sentada. Dependendo do horário não tem nem como se mexer dentro do vagão. Mesmo assim, acho uma opção melhor do que o ônibus", afirma a estudante Nathália Cunha.

A jovem vai da Rodoviária do Plano Piloto até Taguatinga em 30 minutos. De ônibus, gastaria uma hora e meia, em média.

Em pé e braço esticado
Para a massoterapeuta Raquel Araújo, o desconforto é grande. Ela normalmente viaja em pé da estação Central até a de Águas Claras, quando tem um desconforto a mais por ficar com o braço esticado para cima a fim de segurar na barra. 

"É raro eu ir sentada, então o percurso se torna desconfortável, pois os vagões são cheios e temos que ficar nos segurando, se apertando. Não tem nem como mexer muito, não tem nem espaço para isso. Do jeito que você entra, você fica até o final", afirma.

Conta com 42,38 quilômetros de linhas em funcionamento, que ligam a região administrativa de Brasília às de Ceilândia e Samambaia, passando pela Asa Sul e pelo Guará, Águas Claras e Taguatinga.

O sistema funciona com intervalos entre trens que variam de quatro minutos e 35 segundos a 21 minutos, de acordo com o horário, o dia e o percurso desejado.









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