Brasília, segunda-feira, 10 de novembro de 2025 - 12:42
PDL da Pedofilia: governo reage a retrocesso no Congresso
Ministérios dos Direitos Humanos e das Mulheres condenam projeto que restringe aborto legal em meninas vítimas de estupro e articulam ação para barrar tramitação no Senado
Os ministérios dos Direitos Humanos e Cidadania e das Mulheres divulgaram nota conjunta em repudiam a aprovação, pela Câmara dos Deputados, do PDL (Projeto de Decreto Legislativo) 3/25, que dificulta o acesso ao aborto legal para meninas vítimas de estupro.
O texto também revoga diretrizes do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente) e impede campanhas contra o casamento infantil.
Leia também: Câmara aprova PDL que retira proteção de meninas vítimas de estupro; vai ao Senado
“O corpo de uma criança não suporta uma gravidez”, afirma a nota, e destaca que “nenhuma gestação em meninas em situação de extrema vulnerabilidade deveria sequer ocorrer”.
As pastas sustentam que a medida “não tem fundamento constitucional” e que irão atuar no Senado para impedir o avanço da proposta.
Reação política e social
A aprovação do projeto provocou forte reação de movimentos sociais, entidades de direitos humanos e lideranças políticas. Nas redes, o PDL passou a ser apelidado de “PL da Pedofilia”, por enfraquecer a proteção de meninas violentadas.
Para os ministérios, a iniciativa representa “inconformismo de setores que se opõem à proteção integral de meninas vítimas de violência”.
A resolução do Conanda, em vigor desde janeiro, aponta que a gestação em crianças e adolescentes representa risco grave à saúde física, psicológica e social, podendo levar à morte.
Também considera o aborto legal parte das ações de prevenção à morbidade e mortalidade infantil e juvenil.
Governo tenta barrar tramitação
Os ministérios afirmam acompanhar de perto o andamento do PDL no Congresso e articulam com parlamentares a rejeição do projeto no Senado.
Segundo o comunicado, as pastas estão “trabalhando para levar aos legisladores o posicionamento técnico e os dados sobre gestações infantis decorrentes de estupro de vulnerável”.
Esses números são alarmantes: segundo o Anuário 2025 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, cerca de 87,5 mil casos de estupro foram registrados em 2024, sendo 77% contra vítimas vulneráveis.
Crianças e adolescentes são a maioria, com destaque para a faixa etária de 10 a 13 anos, que concentra 33% dos casos.
Defesa da vida e dos direitos
A nota reforça que o objetivo do governo é garantir “assistência adequada a essas meninas, assegurando o direito delas à própria vida”.
A reação do Executivo sinaliza enfrentamento direto à ofensiva moralista da maioria conservadora do Congresso, que tenta impor retrocessos em direitos sexuais e reprodutivos sob o pretexto de “defesa da vida”. Não estão defendendo a vida. Estão defendendo inconsequências fundadas em dogmas religiosos.
O embate, mais do que jurídico, é civilizatório: de um lado, quem luta pela dignidade e proteção das vítimas; de outro, quem insiste em transformar violência em punição perpetuada no corpo das meninas.
Últimas notícias
Câmara aprova PDL que retira proteção de meninas vítimas de estupro; vai ao Senado
6/11 - 10:50 |
SAEP lança série e ressalta conquistas nas Convenções Coletivas do Ensino Superior e da Educação Básica
5/11 - 21:22 |
Câmara amplia licença-paternidade para 20 dias em 4 anos
5/11 - 20:24 |
Quando crime vira terrorismo, a democracia vira alvo
5/11 - 20:16 |
Senado aprova isenção de IR proposta por Lula e amplia taxação sobre grandes fortunas e dividendos

